Gentileza gera gentileza

Hoje me aconteceu algo que me lembrou o profeta Gentileza. Quem é do Rio de Janeiro e tem alguma idade, não sei quanto é o necessário,  já ouviu falar dele. Qualquer um que chegasse ao Rio de ônibus pela rodoviária Novo Rio veria, pintado nas pilastras do Viaduto do Caju, várias vezes o dizer “gentileza gera gentileza”. Quem tiver curiosidade, clique em:

http://pt.wikipedia.org/wiki/Profeta_Gentileza

Mas voltando ao início, por que lembrar dele?

Hoje fui ao banco pegar algum dinheiro. Nessa agência tem uma porta com molas, que se você solta, ela volta a se fechar. Quando saía, abri a porta e vi uma moça subindo o degrau, no ato de entrar. Dei espaço, segurando a porta, para ela entrar. Eis que, mais do que rapidamente, um homem, de uns 40 anos, se apressa e passa entre mim e ela, aproveitando a porta aberta.

Aí eu pergunto: o que custava ele esperar ela entrar? Por que a falta de gentileza?

A gente vê isso por todo lugar. É no ônibus, quando não cedem lugar aos idosos. É no trânsito, onde vale a máxima do “levar vantagem em tudo”.

Parece que eu já vivi num mundo diferente. Quando eu era mais novo, me lembro muito bem minha mãe dizendo: levanta e deixa a moça  sentar. Isso ficou guardado em mim. Sempre que estou sentando e vejo mulheres, mães com filhos, pessoas idosas, eu me levanto e cedo lugar.

Dirigindo, quantas e quantas vezes cedi minha preferência para ônibus, pensando “ali dentro deve haver gente cansada, saindo do trabalho, com pressa para chegar em casa, e eu estou aqui, mais confortável e sou um só”.

Acho que vão me chamar de tolo, mas eu faço isso. Aliás, não entendo por que tantos e tantos motoristas têm de andar acima da velocidade permitida. Será que é para se afirmar em alguma coisa na vida? Para se sentir “macho” e dono da situação, pelo menos quando está em um carro?

Quantas e quantas vezes a gente vê o cara forçar para passar, piscando, para entrar em uma rua logo em seguida, ou mesmo estacionar, muitas vezes, fazendo você esperar.

Pois é, infelizmente vivemos em dias onde a gentileza, assim como o profeta, já não pertence a esse mundo. Pelo menos não a um lugar como a Grande Florianópolis.

A vida se resume, para muitos, em levar vantagem em tudo. Dirigir sem educação, sem respeito à velocidade máxima das ruas, sem sinalizar ultrapassagens. Jogar lixo nas ruas, nos rios, na natureza. Ouvir música alto, sem se importar com os vizinhos. Instalar escapamento barulhento em motos. Passar à frente dos outros em filas. Deixar de dizer bom dia. Não agradecer quando outra pessoa faz algo, seja um garçom, um vendedor. Falar palavrão em público, sem o mínimo constrangimento.

Coisas pequenas, mas que, no dia a dia, acabam deixando a gente triste.

4 Comments on “Gentileza gera gentileza

  1. Você se levanta para mulheres sentar porque? Idosos e mães com crianças de colo tudo bem, mas simplesmente mulheres? Porque? Você as trata como seres diferentes porque? Porque você realmente acha que são?

  2. Cheguei aqui por conta do latex, e por curiosidade li este seu texto…
    Só gostaria de parabenizar!
    Por não só manter, mas defender a causa!
    Gentileza é algo que é raro presenciar no dia a dia…
    No caso do coletivo,pego ônibus todos os dias, e a falta de consciência com o próximo é incrível…
    Não me lembro de presenciar um homem sequer ceder lugar a uma mulher, exceto quando está tem idade mais avançada e olhe lá!

    Fico contente de saber que existe este tipo de atitude no mundo!
    ;)

  3. é triste mais é a realidade do dia-a-dia que vivemos.

    e muitos se confortam em dizer que a vida é assim mesmo as coisas são como são atualmente.

    eu particularmente discordo do fato de nos conformarmos com o mundo em que estamos vivendo e com o simples fato da pura gentileza estar desaparecendo

Leave a Reply to Mariane Cancel reply

Your email address will not be published. Required fields are marked *

*